Mais do que a relação entre o peso e a altura, a medição da gordura acumulada em torno da cintura é o mais importante indicador de obesidade e de perigo para a saúde, afirma a coordenadora do estudo do perfil de envelhecimento da população portuguesa, Catarina Oliveira. E a situação na população estudada (com mais de 55 anos) é preocupante – 88,4 por cento apresentava um perímetro de cintura indicador de obesidade (o valor médio foi de 98,2 centímetros).
Tendo como base este indicador, os homens entram na zona de perigo quando as suas cinturas medem mais do que 94 centímetros, as mulheres mais de 80 centímetros.
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A professora da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, Catarina Oliveira, explica que o perímetro da cintura “traduz mais a gordura acumulada nos órgãos internos, como é o caso do coração, dos vasos sanguíneos”.
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É este o tipo de gordura mais perigosa, porque indica maior risco de doenças cardio (enfartes) e cerebrovasculares (Acidente Vascular Cerebral). O peso, em relação com a altura, não é tão fidedigno na avaliação do risco porque também inclui o peso dos ossos ou dos músculos, explica.
Olhando para os dados, constata-se que é na faixa etária dos 65 aos 74 anos que a situação é mais alarmante: 90,5 por cento das pessoas têm um perímetro abdominal superior ao normal; o excesso de peso e a obesidade afectam 86,5 por cento das pessoas desta idade.
Avaliando a obesidade na relação peso/altura, constatou-se que só 15,5 por cento dos indivíduos a partir dos 55 anos têm um peso desejável. No total, 83 por cento têm excesso de peso ou obesidade.
“O estudo demonstra que temos que olhar para a obesidade na terceira idade”, sublinha Catarina Oliveira. Tendo sido detectada esta tendência, nota-se que “esta é uma área e uma altura em que se podem tomar medidas preventivas”, defende a professora da Faculdade de Medicina de Coimbra.
As causas? São muitas. A principal parece ser a falta de exercício. Detectou-se hábitos de vida com actividade física desfavorável em 68 por cento do total dos inquiridos, sendo pior nos mais velhos.
E, depois, há “uma questão educacional de base”. A média desta população ficou-se pelos cinco anos de escolaridade. As pessoas não estão alertadas para o perigo do sedentarismo e de a necessidade de ter bons hábitos alimentares, sublinha a docente.
Nos hábitos alimentares, os resultados encontrados não foram maus. Curioso seria repetir este mesmo estudo nas mesmas idades com a geração que hoje tem 20-30 anos, afirma.
Não querendo fazer “futurologia”, há indicadores que apontam para o agravamento da situação. “Esta geração [a do estudo] não tem ainda muitos maus hábitos alimentares”. Na opinião da investigadora, é expectável que a situação se agrave face aos índices de obesidade já detectáveis na infância e à mudança de padrões de consumo entre os mais novos.
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