quarta-feira, 16 de abril de 2008

Pesquisadores descobrem gene ligado à asma infantil

A revista científica Nature publicou recentemente um artigo referindo que uma equipa internacional de cientistas identificou um gene cuja mutação pode aumentar o risco de desenvolvimento de asma em crianças em 60% a 70%.

Esta descoberta poderá ser importante para o desenvolvimento de novos tratamentos para a doença respiratória.

Os cientistas compararam a composição genética de aproximadamente 1.000 pacientes afectados por asma infantil com a de 1.240 indivíduos sem a respectiva doença, concluindo que os marcadores localizados sobre o cromossoma 17 têm um importante efeito no risco e alteram os níveis do ORMDL3, um gene com níveis mais altos nas células sanguíneas das crianças com asma.

A equipa internacional de cientistas vai passar a dedicar-se a realizar outros estudos para identificar outros genes que ligados a factores ambientais podem proteger contra a doença.

domingo, 13 de abril de 2008

Alimentação rica em carne durante a gravidez afecta resposta dos filhos ao stress

Um estudo realizado por cientistas britânicos refere que indivíduos adultos cujas suas mães tiveram uma alimentação rica em carne durante a gravidez podem ter tendência a uma exagerada resposta hormonal ao stress.

O estudo consistiu na análise de 70 indivíduos adultos, filhos de mulheres britânicas, que no final da década de 60 foram informadas que deveriam ter uma alimentação rica em proteína e pobre em carboidratos para diminuir o risco de pré-eclâmpsia, complicação marcada pela alta pressão sanguínea.

Os cientistas recolheram amostras de saliva dos indivíduos objecto de estudo depois de terem sido submetidos a situações de stress. Algumas situações de stress que os indivíduos estiveram submetidos foram falar em público e fazer contas de cabeça.

A equipa de cientistas concluiu que os indivíduos cujas mães comeram mais carne durante a gravidez apresentavam maiores níveis de cortisol no organismo, “hormônio do stress”.

Refira-se que o cortisol em grandes quantidades no organismo aumenta o risco de hipertensão, diabetes e doenças cardíacas.

domingo, 6 de abril de 2008

Esmagadora maioria dos idosos tem medidas de cintura de risco

Mais do que a relação entre o peso e a altura, a medição da gordura acumulada em torno da cintura é o mais importante indicador de obesidade e de perigo para a saúde, afirma a coordenadora do estudo do perfil de envelhecimento da população portuguesa, Catarina Oliveira. E a situação na população estudada (com mais de 55 anos) é preocupante – 88,4 por cento apresentava um perímetro de cintura indicador de obesidade (o valor médio foi de 98,2 centímetros).


Tendo como base este indicador, os homens entram na zona de perigo quando as suas cinturas medem mais do que 94 centímetros, as mulheres mais de 80 centímetros.
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A professora da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, Catarina Oliveira, explica que o perímetro da cintura “traduz mais a gordura acumulada nos órgãos internos, como é o caso do coração, dos vasos sanguíneos”.
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É este o tipo de gordura mais perigosa, porque indica maior risco de doenças cardio (enfartes) e cerebrovasculares (Acidente Vascular Cerebral). O peso, em relação com a altura, não é tão fidedigno na avaliação do risco porque também inclui o peso dos ossos ou dos músculos, explica.

Olhando para os dados, constata-se que é na faixa etária dos 65 aos 74 anos que a situação é mais alarmante: 90,5 por cento das pessoas têm um perímetro abdominal superior ao normal; o excesso de peso e a obesidade afectam 86,5 por cento das pessoas desta idade.

Avaliando a obesidade na relação peso/altura, constatou-se que só 15,5 por cento dos indivíduos a partir dos 55 anos têm um peso desejável. No total, 83 por cento têm excesso de peso ou obesidade.

“O estudo demonstra que temos que olhar para a obesidade na terceira idade”, sublinha Catarina Oliveira. Tendo sido detectada esta tendência, nota-se que “esta é uma área e uma altura em que se podem tomar medidas preventivas”, defende a professora da Faculdade de Medicina de Coimbra.

As causas? São muitas. A principal parece ser a falta de exercício. Detectou-se hábitos de vida com actividade física desfavorável em 68 por cento do total dos inquiridos, sendo pior nos mais velhos.

E, depois, há “uma questão educacional de base”. A média desta população ficou-se pelos cinco anos de escolaridade. As pessoas não estão alertadas para o perigo do sedentarismo e de a necessidade de ter bons hábitos alimentares, sublinha a docente.

Nos hábitos alimentares, os resultados encontrados não foram maus. Curioso seria repetir este mesmo estudo nas mesmas idades com a geração que hoje tem 20-30 anos, afirma.

Não querendo fazer “futurologia”, há indicadores que apontam para o agravamento da situação. “Esta geração [a do estudo] não tem ainda muitos maus hábitos alimentares”. Na opinião da investigadora, é expectável que a situação se agrave face aos índices de obesidade já detectáveis na infância e à mudança de padrões de consumo entre os mais novos.

in publico

terça-feira, 1 de abril de 2008

Alterações dermatológicas e fisiológicas da gravidez

Durante a gravidez, assiste-se a profundas alterações imunológicas, metabólicas, endócrinas e vasculares, que tornam a pele da grávida susceptível a transformações fisiológicas e patológicas.

»» Alterações da pigmentação

As alterações da pigmentação incluem a hiperpigmentação e o melasma. A hiperpigmentação é um fenómeno frequente, podendo ocorrer em cerca 90% das grávidas.

Observa-se especialmente uma acentuação das áreas já pigmentadas, como as aréolas mamárias, genitais, axilas e linha alba. Pode também condicionar a acentuação de nevos, efélides e cicatrizes.

O melasma ou cloasma (mascara da gravidez) é comum e afecta as áreas malares, centrofacial e mandibular. Este tipo de hiperpigmentação resulta dos depósitos aumentados de melanina na epiderme e/ou na derme. A luz ultravioleta e a luz visível podem agravar o melasma e mesmo induzir a sua perpetuação.

Na maioria dos casos, ocorre resolução no pós – parto podendo, contudo, verificar-se recorrência com a gravidez seguinte ou com o uso de contraceptivos orais.

»» Alterações das unhas e cabelo

Pode verificar-se hirsutismo, especialmente na face, braços, pernas e dorso, que normalmente regride nos seis meses após o parto.

Durante a gravidez, o período de anagénese do cabelo prolonga-se, e determina que, no pós-parto, um maior número de folículos pilosos entre em telogênese e assim se verifiquem queixas de aumento da queda de cabelo (deflúvio pós parto). As unhas também podem sofrer alterações como estrias transversais, onicólise distal e hiperqueratose subungueal.

»» Alterações glandulares

Durante a gravidez, ocorre um aumento da função écrina e sebácea com diminuição da função apócrina, daí que ocorra maior propensão para o aumento da incidência de miliaria, hiperhidrose e eczema desidrótico.

O efeito da gravidez sobre a acne é imprevisível, mas é possível em algumas pacientes, verificar-se um agravamento no primeiro trimestre da gestação. Durante o período de gestação, as glândulas sebáceas da aréola aumentam e aparecem como pequenas pápulas castanhas denominadas de “glândulas de Montgomery”.

»» Alterações no tecido conjuntivo

As estrias gravídicas (striae gravidarum) desenvolvem-se na maioria das mulheres entre o sexto e o oitavo mês de gravidez, sendo os locais mais frequentes de aparecimento, o abdómen, zonas mamárias, coxas e área inguinal.

»» Alterações vasculares

As transformações vasculares resultam da distensão, instabilidade e proliferação dos vasos e tendem a regredir depois do parto. São frequentes, as telangiectasias, as veias varicosas, a instabilidade vasomotora (flushing facial, palidez, sensação de calor e frio, cútis marmorata das pernas), e eritema e edema gengival.

É importante que, quer o médico, quer a grávida saibam reconhecer estas alterações fisiológicas para que se evitem preocupações e tratamentos desnecessários.

Dra. Inês lobo

Médica Interna do Internato Complementar de Dermatologia

Hospital de Santo António - Porto

in medicosdeportugal