segunda-feira, 10 de março de 2008

Mais de 250 mil casos analisados - Excesso de peso associado a 13 tumores

Diabetes, hipertensão, colesterol, problemas na pele. A lista prossegue, repleta de doenças, diferentes entre si, mas tendo em comum a obesidade. De acordo com uma investigação realizada por cientistas britânicos e suíços, ao rol de enfermidades associadas ao excesso peso pode juntar-se, sem grandes dúvidas, o cancro.

Garantem os especialistas da Universidade de Manchester, do Hospital Christie e da Universidade de Berna que o risco de desenvolver um tumor maligno em quem sofre de obesidade é maior não só no caso dos cancros mais comuns – como o da mama, cólon ou rins – mas também naqueles com menor incidência, estando associado a 13 tumores.

Ao analisar mais de 250 mil casos de cancro e 141 estudos de diferentes origens, os especialistas concluíram que o risco de cancro associado a um aumento do índice de massa corporal (relação entre peso e altura) de cinco valores (o que corresponde a mais 15 quilos) é 24 por cento superior nos homens quando se trata do cancro do cólon e renal, percentagem que sobe no caso do adenocarcinoma do esófago (52 por cento) e do cancro da tiróide (33 por cento).

Nas mulheres, 13 quilos a mais do que o normal equivalem a um risco elevado, por exemplo, de cancro do endométrio e da vesícula (59 por cento) ou dos rins (34 por cento).

O trabalho, publicado na revista ‘The Lancet’, é mais uma prova de que a obesidade está associada ao risco de cancro. Porém, fica por esclarecer, segundo os investigadores, se a redução de peso pode servir de protecção contra os tumores malignos.

Este foi o tema de um estudo do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar e do Instituto Português de Oncologia do Porto. Rui Medeiros, um dos autores, verificou que o risco de cancro da próstata é maior entre homens com excesso de peso. Isto porque, explica ao CM, “a obesidade, pelo desequilíbrio que provoca no organismo, causa a activação de mecanismos que aumentam o risco de cancro”.
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SELO CONFIRMA QUALIDADE
Chama-se Alimento Positivo e pretende ser um selo de qualidade, sinónimo de reconhecimento oficial dos alimentos que podem fazer parte da ementa de uma alimentação saudável. É uma iniciativa da Plataforma contra a Obesidade, que viu há poucos dias publicado o seu regulamento. “Esta medida visa incentivar uma progressiva mudança nos hábitos alimentares da população portuguesa”, pode ler-se no documento que define as regras para o selo e determina as condições segundo as quais entidades públicas ou privadas da indústria de produtos alimentares e restauração podem candidatar-se.
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CRIANÇAS COM PESO A MAIS
É já considerada uma epidemia dos tempos modernos. Ninguém parece estar imune, nem mesmos as crianças, vítimas de uma educação alimentar, ou falta dela, que as condena a uma infância com quilos a mais, responsáveis, mais tarde, por problemas de saúde mais ou menos graves. Em Portugal, 24 por cento das crianças em idade pré-escolar apresenta excesso de peso. A estas junta-se ainda sete por cento de miúdos obesos, valor que aumenta quando se trata dos mais pequenos, com idades compreendidas entre os sete e os nove anos – 32 por cento tem peso a mais e 11 por cento já sofre de obesidade.

DOCES SÃO GRANDES INIMIGOS DA SAÚDE
Os doces e a chamada comida de plástico, tal como os hambúrgueres, são responsáveis pelo constante aumento do número de crianças gordinhas.

POPULAÇÃO EM RISCO CARDIOVASCULAR
Segundo um estudo nacional, mais de metade das pessoas entre os 18 e os 64 anos tem excesso de peso ou obesidade, sofrendo de risco cardiovascular acrescido associado a um perímetro abdominal acima do recomendado.

RISCO DOS QUILOS EM EXCESSO
A lista de problemas de saúde associados à obesidade é extensa. A doença, considerada uma epidemia, muda a vida e a saúde de quem dela sofre.

INFERTILIDADE
Estudos confirmam que a existência de um índice de massa corporal mais elevado pode contribuir para reduzir a fertilidade nas mulheres.

CANCRO
São vários os tumores malignos directamente relacionados com a obesidade. Entre estes contam-se os dos rins, cólon, tiróide, mieloma múltiplo, recto, bexiga, da mama e da próstata.

DIABETES
A obesidade é um dos principais responsáveis pelo aparecimento da diabetes tipo 2, fazendo aumentar três vezes o risco de desenvolver a doença.

HIPERTENSÃO
Restam poucas dúvidas de que obesidade e pressão arterial elevada estão relacionadas, com a primeira a piorar a segunda.

APNEIA
A obesidade é um factor que agrava o quadro de apneia do sono. Perder alguns quilos ajuda a melhorar o funcionamento dos pulmões e da respiração, ajudando a dormir melhor.

DOENÇA CORONÁRIA
Os obesos têm um risco acrescido de problemas cardíacos, dado o esforço acrescido que o excesso de peso exerce sobre o coração.
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COLESTEROL
O aumento no sangue dos valores das gorduras nocivas para o coração pode também ser atribuído à obesidade.

REALIDADE EM NÚMEROS
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» 20 por cento da população europeia é obesa, problema que tem grande impacto nas crianças e nas classes sociais mais desfavorecidas.
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» 50 por cento dos adultos de todo o Mundo serão obesos em 2025 se não forem adoptadas medidas para travar a actual tendência de crescimento.

» 400 mil crianças aumentam o número de obesos no Mundo, anualmente.

» 497 milhões de euros correspondem aos custos directos e indirectos da obesidade, isto é, cerca de 3,5 por cento das despesas directas com a Saúde.

» 18,5 a 24,9 é, segundo a Organização Mundial da Saúde, o intervalo de valores do índice de massa corporal considerado normal e saudável.

in correio da manhã

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