segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Nanotubos de carbono injectáveis destroem células do cancro

Nanotubos de carbono injectáveis destroem células cancerígenas após serem activados por ondas de radiofrequência. Os nanotubos funcionam como ‘bombas’ de aquecimento programadas.


A ideia não é original e são vários os trabalhos científicos realizados com base no princípio que um dia será possível construir ‘bombas’ inteligentes a uma escala tão diminuta, capazes de entrar no organismo e destruir apenas as células cancerígenas sem danificar as saudáveis.

Uma ideia que, a ser alcançada, pode revolucionar a medicina e principalmente as terapias de combate ao cancro. Pela primeira vez, cientistas da Universidade do Texas, nos EUA, apresentam resultados positivos em coelhos, ao conseguir desenvolver uma nanotecnologia capaz de afectar, de dentro para fora, as células do cancro.

A equipa de cientistas, liderada por Steven Curley, apresenta os resultados da experiência na edição on-line, do jornal científico Câncer e revela-se entusiasmada por esta ser a primeira experiência realizada em animais vivos.

A tecnologia desenvolvida baseia-se em nanotubos de carbono que quando dentro do organismo reagem a radiofrequências emitidas a partir do exterior. Em experiências anteriores, os cientistas tinham já conseguido perceber que os nanotubos de carbono conseguem absorver a radiação situada perto dos infravermelhos, a qual pode entrar no corpo humano sem provocar danos.

No entanto, este tipo de radiação tinha o problema de ser capaz de penetrar apenas até quatro centímetros a partir do exterior, o que a tornaria impraticável para combater células cancerígenas mais profundas.

Agora, a equipa de cientistas da Universidade do Texas, decidiu utilizar as radiofrequências e obteve resultados positivos, já que as ondas de rádio conseguem trespassar o corpo humano sem danos.

O interessante desta nova técnica é a capacidade que os nanotubos de carbono têm para destruírem as células cancerígenas a partir do interior das mesmas. Os cientistas explicam que na experiência injectaram nanotubos de carbono em células tumorais do fígado de coelhos e de seguida direccionaram ondas de rádio no local durante dois minutos.

De acordo com o resultado da experiência, os nanotubos de carbono aqueceram e mataram as células cancerígenas, provocando poucos estragos nas células saudáveis em redor das primeiras.

«Injecções intertumorais directas de nanotubos de carbono in vivo, seguidas de imediato por tratamento de radiofrequência foram bem toleradas por coelhos com tumores hepáticos VX2», escrevem os cientistas no artigo publicado no Câncer.

Os especialistas adiantam que, «ao fim de 48 horas, todos os tumores tratados com nanotubos de carbono apresentaram necrose completa, ao passo que os tumores de controlo que foram tratados com radiofrequência sem nanotubos de carbono permaneceram completamente viáveis», sendo que, «os tumores que foram injectados com nanotubos mas que não foram tratados com radiofrequência também se mantiveram».

Os cientistas acreditam que esta nova tecnologia poderá começar a ser testada em humanos no espaço de 5 anos, sendo que actualmente, estão a estudar formas de acoplar os nanotubos de carbono a agentes que têm por alvo as células cancerígenas, de forma a controlar a acção dos nanotubos sem danificar as células saudáveis.


In TV Ciência

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