Um quarto dos tumores da mama são curados só com cirurgia
O que é preciso ainda fazer para melhorar o rastreio do cancro em Portugal?
Tem que haver mais informação, para as pessoas saberem onde e quem devem procurar, pois as condições para o rastreio já existem.
O que falha?
Não falha. As condições podem é ser melhoradas. Nos últimos dez anos a mortalidade diminuiu imenso e uma das causas é haver uma melhor prevenção. Sei que há um forte empenho do Ministério da Saúde para um melhor rastreio, nomeadamente do cancro da mama e retro-uterino.
No caso do cancro da mama, que é a sua área de investigação, as mulheres têm tido um papel importante na prevenção...
Sim, elas sabem o que têm de fazer. Tudo é uma questão de educação da população.
O diagnóstico de cancro deixou de ser uma sentença de morte?
Em grande parte dos casos, sim. No caso do tumor mamário, 25% dos casos são curados a 100% só com cirurgia.
Uma mulher com cancro da mama vai ter uma filha também com cancro?
Não. Só 5 a 10% dos casos são hereditários e existem critérios clínicos para avaliar essa possibilidade.
Quais?
Se há muitos casos na família, se o cancro foi detectado numa idade muito jovem, se foram detectados tumores nas duas mamas...
No cancro da mama ainda há uma parte considerável de casos em que não há tratamento. Quais são as perspectivas, a nível de investigação?
Temos encontrado algumas coisas interessantes, mas os resultados demoram muito tempo até que possam ser comprovados. Temos ainda que esperar. Os avanços feitos, todavia, podem dar-nos a esperança de que daqui a alguns anos já haverá tratamento para 100 % dos casos.
A população portuguesa é receptiva a participar em ensaios clínicos, ou, pelo contrário, mostra-se renitente?
A população é receptiva. O problema é que os ensaios exigem um número de doentes muito grande e para isso, pela dimensão do país, nós não temos capacidade. Apesar de tudo, há hospitais e institutos a fazê-los, mas numa escala muito reduzida se compararmos, por exemplo, com os Estados Unidos ou a Alemanha.
A qualidade de vida de um doente com cancro também melhorou?
Sem dúvida. Um dos problemas continua a ser a mastectomia, que é uma cirurgia muito agressiva do ponto de vista psicológico. Mas já se fazem cirurgias mais conservadoras, sem que afectem a sobrevivência do doente ou a qualidade do tratamento.
Para além do espectro da morte, também está a desaparecer o espectro da mutilação... Sim. Para além de serem menores os casos de extracção do seio, quando acontece pode recorrer-se à cirurgia reconstrutiva.
O Serviço Nacional de Saúde comparticipa?
Provavelmente não. No entanto, o Grupo de Patologia Mamária do Hospital de S, João, no Porto, tem investido muito no tratamento completo, que também passa pela reconstituição.
in diario noticias, Paula Ferreira
Tem que haver mais informação, para as pessoas saberem onde e quem devem procurar, pois as condições para o rastreio já existem.
O que falha?
Não falha. As condições podem é ser melhoradas. Nos últimos dez anos a mortalidade diminuiu imenso e uma das causas é haver uma melhor prevenção. Sei que há um forte empenho do Ministério da Saúde para um melhor rastreio, nomeadamente do cancro da mama e retro-uterino.
No caso do cancro da mama, que é a sua área de investigação, as mulheres têm tido um papel importante na prevenção...
Sim, elas sabem o que têm de fazer. Tudo é uma questão de educação da população.
O diagnóstico de cancro deixou de ser uma sentença de morte?
Em grande parte dos casos, sim. No caso do tumor mamário, 25% dos casos são curados a 100% só com cirurgia.
Uma mulher com cancro da mama vai ter uma filha também com cancro?
Não. Só 5 a 10% dos casos são hereditários e existem critérios clínicos para avaliar essa possibilidade.
Quais?
Se há muitos casos na família, se o cancro foi detectado numa idade muito jovem, se foram detectados tumores nas duas mamas...
No cancro da mama ainda há uma parte considerável de casos em que não há tratamento. Quais são as perspectivas, a nível de investigação?
Temos encontrado algumas coisas interessantes, mas os resultados demoram muito tempo até que possam ser comprovados. Temos ainda que esperar. Os avanços feitos, todavia, podem dar-nos a esperança de que daqui a alguns anos já haverá tratamento para 100 % dos casos.
A população portuguesa é receptiva a participar em ensaios clínicos, ou, pelo contrário, mostra-se renitente?
A população é receptiva. O problema é que os ensaios exigem um número de doentes muito grande e para isso, pela dimensão do país, nós não temos capacidade. Apesar de tudo, há hospitais e institutos a fazê-los, mas numa escala muito reduzida se compararmos, por exemplo, com os Estados Unidos ou a Alemanha.
A qualidade de vida de um doente com cancro também melhorou?
Sem dúvida. Um dos problemas continua a ser a mastectomia, que é uma cirurgia muito agressiva do ponto de vista psicológico. Mas já se fazem cirurgias mais conservadoras, sem que afectem a sobrevivência do doente ou a qualidade do tratamento.
Para além do espectro da morte, também está a desaparecer o espectro da mutilação... Sim. Para além de serem menores os casos de extracção do seio, quando acontece pode recorrer-se à cirurgia reconstrutiva.
O Serviço Nacional de Saúde comparticipa?
Provavelmente não. No entanto, o Grupo de Patologia Mamária do Hospital de S, João, no Porto, tem investido muito no tratamento completo, que também passa pela reconstituição.
in diario noticias, Paula Ferreira
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