quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Novos genes envolvidos no cancro da próstata identificados

Identificados sete novos genes envolvidos no desenvolvimento do cancro da próstata. Uma identificação que poderá vir a dar origem a um novo método de diagnóstico e ao desenvolvimento de novos medicamentos.


O cancro da próstata é o cancro mais comum que afecta os homens nos países desenvolvidos e aquele sobre o qual, segundo os especialistas, existe menor conhecimento, o que o torna de difícil diagnóstico e tratamento.

Cientistas do Institute for Cancer Research do Reino Unido em conjunto com uma equipa da Universidade de Cambridge anunciam ter identificado sete novos genes que estão associados a 60% de maior risco de desenvolvimento de cancro da próstata.

Os resultados do estudo de grandes dimensões estão publicados na edição de 10 de Fevereiro, da revista científica Nature Genetics e abrem as portas para novos métodos de diagnóstico através da identificação da presença destes genes no ADN dos pacientes.

«Nós identificámos sete loci associados com o cancro da próstata nos Cromossomas 3, 6, 7, 10, 11, 19 e X», escrevem os cientistas na Nature Genetics e adiantam que, «confirmados os estudos anteriores de loci comuns associados com o cancro da próstata no 8q24 e 17q. Para além disso, descobrimos que três dos loci agora identificados contêm genes candidatos à susceptibilidade: MSMB, LMTK2 e KLK3».

De acordo com os especialistas dois dos novos genes identificados poderão ser de extrema relevância para a prevenção e tratamento do cancro da próstata. Um deles, denominado de MSMB poderá vir a ser usado para um despiste mais eficaz da presença deste cancro nos homens. O segundo, denominado de LMTK2, poderá vir a funcionar como alvo de novos medicamentos.

O estudo genómico agora apresentado é, até à data, o de maior dimensão alguma vez realizado no domínio do cancro da próstata. No total envolveu cerca de 10 mil homens do Reino Unido e Austrália.

Inicialmente, os cientistas fizeram o scanner do ADN de 1171 homens que teriam tido um diagnóstico de cancro da próstata antes dos 61 anos e de 683 que apresentavam historial familiar de cancro da próstata – dois factores que indiciam uma maior probabilidade de desenvolvimento da doença.

De seguida, os resultados desta análise foram comparados com os de 1894 homens que constituíram o grupo de controlo por não serem portadores da doença e viverem nas mesmas localidades. Posteriormente, para perceberem se as sete variantes eram mais comuns em homens com cancro da próstata, os cientistas estudaram e compararam 3268 pacientes com a doença e 3366 homens sem a patologia.

«Estes resultados são um avanço nos nossos esforços para compreender a susceptibilidade do homem ao cancro da próstata», afirma Harpal Kumar, Chefe-executivo do Cancer Research UK, citado em comunicado da instituição.

O especialista adianta ainda que, «esperamos que estes resultados nos ajudem a iluminar algumas das principais dificuldades que os médicos e os investigadores enfrentam no diagnóstico e tratamento do cancro da próstata, para que, em combinação com outros avanços, possamos, derrotá-lo».

Tal como noutros países desenvolvidos, Portugal apresenta uma alta taxa de mortalidade por cancro da próstata, cerca de 1800 mortes por ano. O cancro da próstata ocupa ainda o terceiro lugar da incidência de doenças oncológicas. De acordo com dados da Associação Portuguesa de Urologia, estima-se que existam 130 mil homens afectados em Portugal e que, no futuro, quase 40% dos homens com mais de 50 anos venham a desenvolver a doença.

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