quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Riscos dos atletas de fim-de-semana

Para quem gosta da prática de desportos apenas de vez em quando, vale lembrar o ditado: “é melhor prevenir do que remediar”

Você é daqueles que adora bater uma bola no final de semana? Reúne os amigos no sábado e joga a manhã toda, certo? Ou então, gosta de jogar um ténis para relaxar e esquecer a semana. Ainda, gosta mesmo é de cair na piscina e nadar por horas, tentando melhorar seu próprio desempenho - ainda que longe dos profissionais. Seja qual for o seu caso, saiba que o mais importante é se prevenir para evitar surpresas desagradáveis. E não é preciso ficar alarmado, porque, se bem direccionado, o desporto pode ser de grande auxílio na sua estafante rotina diária.

Para o fisiologista e coordenador do CEMAFE/Unifesp (Centro de Medicina da Atividade Física e do Esporte da Universidade Federal de São Paulo), Turíbio Leite de Barros, a prática de desportos, ainda que esporádica, deve ser incentivada, mas sempre com cuidado. "O futebol de final de semana é um lazer. E é um momento que, do ponto de vista de doenças provocadas por excesso de trabalho, é uma terapia. Então isso deve ser valorizado e não desestimulado", diz. "Agora, é evidente que para valorizar a importância desse momento na vida de qualquer um também é importante estar alerta para eventuais riscos que ele possa correr ao fazer isso."

Falar em riscos, embora possa parecer alarmante, não deve ser visto sob este ponto de vista. É muito melhor avaliar os riscos e tentar eliminá-los para garantir uma prática tranquila, do que estragar a própria diversão com uma contusão - ou mesmo com algo mais sério. "Na verdade, o principal risco que se corre é que esse lazer acabe sendo o gatilho de manifestação de uma doença", diz Barros. "Essa actividade física pode disparar uma ocorrência até mesmo fatal de uma patologia que ele já é portador e não sabe. Nesse caso, o próprio prazer trazido pelo jogo deve ser um motivo para realmente se preocupar com a prevenção."

Sendo assim, fique atento aos seguintes conselhos:

1>> Em primeiro lugar, você precisa conhecer o seu corpo. Em cada detalhe. Conhecer sua condição física, saber se está em situação favorável à prática de desportos. Para isso, o primeiro passo é consultar um médico. "O exame médico é obrigatório. Muitas pessoas possuem patologias e não sabem disso. São pessoas que ficam dez, quinze anos, sem ir ao médico, sem fazer um exame mais aprofundado e se metem a praticar desportos", explica o coordenador do curso de Educação Física da FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas), Flávio Delmanto.

"Antes de começar a fazer uma actividade, é importante passar por uma consulta médica, conversar com um especialista. Mesmo que não sinta nada. Se sente alguma alteração, algum sintoma mais complicado, aí tem uma razão ainda mais importante para passar por um check-up", aconselha o Médico Especialista em Medicina Desportiva do CEMAFE/Unifesp, Paulo Zogaib. "Muitas vezes o jovem acha que não tem que fazer o exame. Mas, no fundo, também precisa. Se já fez exame e sabe que não tem problema físico, tudo bem. Mas o certo é que todos, independente da idade, façam exame médico antes de começar a praticar desportos", acrescenta Delmanto.

2>> Se você acha que basta bater uma bolinha no final de semana e está tudo certo, errou. Manter uma actividade física regular é o melhor caminho para uma prática desportiva saudável. É o que alerta o doutor Zogaib: "Não dá para fazer exercícios uma vez por semana, mesmo que o futebol só ocorra aos domingos. Se mantiver bom condicionamento, melhorar a condição cardio-respiratória, circulatória, muscular e fizer uma dieta, o indivíduo vai estar apto para jogar no fim-de-semana. O complicado é ele não fazer nada a semana inteira e, no fim-de-semana, jogar duas, três horas de futebol. O organismo não está apto a isso".

Deixar a manutenção física apenas para o futebol, ou o ténis, ou o vólei - em geral, actividades de impacto - é uma agressão ao corpo. É como tirar um veículo do zero e exigir que, em poucos instantes, ele chegue a 200 km/h e mantenha esse desempenho. "Tudo que se puder fazer é ponto favorável para atenuar o impacto exagerado. Mesmo que a pessoa só possa fazer, realmente, uma caminhada duas ou três vezes por semana. Já seria alguma coisa e traria resultado", acrescenta Barros.

3>> A palavra-chave é prevenção. Se você está se cuidando, fez o check-up preventivo, está mantendo um bom condicionamento físico, parabéns. Suas chances de obter um bom desempenho - no sentido da saúde, não apenas de alcançar vitórias - são maiores. No entanto, se você não segue nada disso, e durante a prática sentiu algo diferente, ainda que de leve, pare. Esse é um sinal do seu corpo de que algo está errado. Aí, é hora de procurar um médico e relatar a ele o problema, fazer um check-up e garantir que tudo não passou de um susto.

"Se o indivíduo sentir a respiração ofegante, ou seja, falta de ar; batedeira no peito; suor profuso; tontura; desmaio; dor de cabeça; dor abdominal persistente: esses são sinais de que alguma coisa não está funcionando legal", alerta Zogaib. "Então, o cara tem que parar, fazer uma avaliação física, passar por uma consulta médica. Nesses casos, é claro que o organismo não está suportando a carga e alguma coisa está fora da programação."

No mais, o que importa é curtir o seu futebolzinho (ou o tênis, a natação, o vôlei) com seus amigos com tranquilidade. Se estiver tudo seguro, o desporto irá acrescentar saúde à sua vida. Não apenas no reflexo do condicionamento físico, mas também em relação à saúde mental, efectivamente como uma terapia. "Se a pessoa puder estender essa proposta a algo um pouco mais metódico, como manter uma actividade regular e depois jogar, além de ter o prazer e a integridade física preservados, ele registrará melhora de saúde e da qualidade de vida em consequência disso", finaliza Barros.

in universia

Um comentário:

Anônimo disse...

gostei muito das dicas e de como fazer, apartir de agora vou seguir isso a risca.